Parece tarde demais, para sonharmos com o legado dos dois megaeventos que vão acontecer no Brasil?
Um acontecimento esportivo de grande envergadura, como a Copa do Mundo, não está apenas mobilizando os brasileiros, como o o todo o Planeta. Se formos
analisar o impacto de obras em andamento para abrigar a Copa e os Jogos
Olímpicos no Brasil, só podemos ficar preocupados (ainda mais num
ano eleitoral que promete ser muito acirrado). Se esses dois eventos esportivos deixassem algum legado ao nosso
povo, justificaria em parte as sofisticadas e dispendiosas arenas. Como a Copa tem vida efêmera de apenas 30 dias, perguntamos: E
depois? bairros pobres como Itaquera e outros, receberão benefícios tão propalados como
melhoramentos de mobilidade urbana, saúde e segurança pública. Devemos aplaudir um cenário de endividamento. De uma coisa podemos ter certeza. De tudo o que podemos garantir é que todos nós brasileiros (de todos os níveis), no final pagaremos a conta de toda essa insensatez. Infelizmente, as prioridades do nosso povo desistido são outros bem diferentes. Desnecessário enumerá-los...
A
realização da Copa e das Olimpíadas no Brasil gerou investimentos em
obras de infraestrutura ou estética nas cidades que receberão esses eventos. Como a foto, o novo Maracanã
A geógrafa Olga Firkowski, tem a seguinte opinião sobre os dois megaeventos: "Adoradores do futebol devem estar exultantes. Pois uma Copa do Mundo
em nossas terras é para muitos, uma notícia excitante. Enquanto alguns
comemoram, governos não parecem se mobilizar em obras de infraestrutura ou
estética – seja para agradar aos turistas, seja para amenizar as graves mazelas
que acometem nossas cidades. Mas dúvidas ainda perduram. Licitações suspeitas,
desvios de recursos públicos em grandes obras, parcerias espúrias entre os setores público
e o privado. Os brasileiros estão habituados a discussões que se embrenham por esses
caminhos. Mas, na verdade, ainda não temos clareza para vislumbrar o legado que
os megaeventos esportivos – a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 – deixarão
em nosso país". Para se refletir sobre
o assunto, diz a a geógrafa Olga Firkowaki da Universidade
Federal do Paraná, respeitada estudiosa das questões urbanas no Brasil e outros títulos, que participou em setembro do 37º encontro
anual da Associação Nacional de Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), em Águas
de Lindóia (SP), onde expôs suas críticas e preocupações ao concluir suas análises sobre a questão, acerca do legado dos
megaeventos que estão por vir. “É constrangedor pensar que precisamos de uma
desculpa do tamanho da copa para que obras importantes e necessárias tenham a
mínima possibilidade de sair do papel”.