---AR-FS--- "O MAIOR MACACO DAS AMÉRICAS'

UM GIGANTE POUCO CONHECIDO

O MURIQUI o maior macaco das Américas e apesar disso ainda é pouco conhecido. O primeiro levantamento fotográfico dessa espécie que atinge 1,50 metro de altura e vive escondida nos últimos remanescentes da Mata Atlântica, foi transformado em livro. O trabalho começou em 2002, quando o fotógrafo e biólogo paulistano Luciano Candisani visitou a Estação Ecológica de Caratinga, em Minas Gerais. Sua missão era buscar apoio da antropóloga americana Karen Strier, para registrar o cotidiano dos macacos. O resultado produziu o livro Muriqui com 87 fotos coloridas, selecionadas de um acervo quatro vezes maior. Elas mostram em detalhes o comportamento do macaco em seu habitat: como se alimenta e se locomove, o acasalamento, as brincadeiras dos filhotes (foto abaixo) e a interação do bando. "Um trabalho como esse chama a atenção para a importância da conservação, mas ao mesmo tempo serve como fonte de informações para quem deseja conhecer os Muriquis e seu futuro precário", afirma Karen.

O livro revela uma das espécies mais simbólicas da Mata Atlântica, o Muriqui que só ocorre nesse bioma e está entre as 25 espécies de primatas mais ameaçadas de extinção no mundo, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza. Também é chamado de mono carvoeiro por causa das mãos e do rosto manchados, o que lembra trabalhadores de carvoarias. Apesar de sua importância, é pouco conhecido pelo público, justamente pela falta de bons registros fotográficos da espécie. Pouca gente sabe que o Muriqui é o maior mamífero, e exclusivo do Brasil. Hoje, a falta de informação ainda dificulta os esforços de preservação do que restou da Mata Atlântica. "A conservação das espécies somente acontecerá quando houver a conscientização do público sobre a importância das florestas para as futuras gerações", comenta o diretor de projetos da Associação Pró-Muriqui, Maurício Talebi Gomes. Essa conservação é urgente, porque estima-se que existam apenas cerca de 1.300 indivíduos no Brasil. A rigor, há duas espécies: o muriqui-do-norte, cuja cara é despigmentada na fase adulta e que habita as matas de Espírito Santo e Minas Gerais, e o muriqui-do-sul, que conserva a cara preta por toda a vida e se refugia principalmente na Serra do Mar entre Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. O Muriqui é o primata mais pacífico do mundo e se relaciona sem brigas.