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segunda-feira, abril 27, 2020

CIDADES QUE SÃO A PRÓPRIA HISTÓRIA (Fez)

A ALMA DO MARROCOS (Pelas ruas maltratadas de FEZ, artistas vendem peças de cerâmica típicas da região)

Um estranho equipamento, ornado e enigmático, paira sobre as carroças movidas a mula e as massas vestidas com djellabas que diariamente passam pela Talaa Kebira, a Broadway de Fez, cidade marroquina de 1.200 anos. Incrustada na parede elevada da mesquita Bou Inania do século 14, bem em frente a um açougueiro halal e seus carneiros sem pele dependurados, 12 janelas finamente esculpidas pairam sobre 13 blocos de madeira talhada, onde há muito tempo atrás eram dispostas 13 tigelas de bronze.
À primeira vista, esse conjunto poderia ser apenas mais um dos floreios arquitetônicos que adornam tantas das instituições religiosas medievais tão suntuosamente decoradas. Mas as coisas em Fez raramente são tão simples como parecem. Esse conjunto de janelas, blocos e tigelas, acredita-se, foi concebido como parte de um intrincado relógio, que funcionava à base de água corrente e que soava nas horas de oração - embora ninguém saiba ao certo se isso é verdade.O mecanismo, se é que existiu, se perdeu no tempo. Seu princípio operacional não pode mais ser decifrado. De acordo com a lenda local, a máquina enigmática foi projetada por um mágico.Esse dispositivo é um símbolo adequado para Fez, uma cidade cujas ruas maltratadas e empoeiradas escondem toda espécie de belas relíquias abandonadas. Como o relógio movido a água, Fez parece ter parado de marcar o avanço das horas já há alguns séculos (descontando os telefones celulares e alguns eventuais uniformes de futebol). E como o relógio d'água, a labiríntica cidade dos minaretes, com suas imagens encobertas e corredores esquecidos, pode parecer impossível de se decifrar - ainda que seja revestida de um encantamento profundo."É um lugar misterioso", diz Abdelfettah Seffar, artesão e empreendedor cultural, no telhado de uma bela, porém dilapidada, construção moura do século 18 que está transformando em ampla pousada e espaço para artes.
Decadente mas digna, em desintegração, porém orgulhosa, a cidade de Fez entre muros possivelmente é o maior e mais duradouro assentamento islâmico medieval no mundo. Representa sem dúvidas o coração espiritual e cultural de Marrocos. Basta apenas você prestar atenção à procissão diária de fiéis portando velas e entrando no túmulo do fundador da cidade, Moulay Idriss II - o suposto neto do tataraneto do profeta Maomé - para sentir a conexão da cidade com seu passado. Uma simples conferida na universidade de Karaouine,do século nove, notoriamente reconhecida como a mais antiga instituição de ensino superior no mundo, reafirma essa impressão.

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