ESTRATÉGIAS DIFERENTES PARA A AMAZÔNIA
Combate do aquecimento global deve levar em conta particularidade das diferentes regiões
Fonte: "Ciência Hoje"
(O mapa destaca a área de 5,5 milhões de km2 coberta pela Amazônia em nove países: Brasil, Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (arte: Nasa).Levar em conta a especificidade das diferentes regiões que compõem a Amazônia: esta é a solução para minimizar o impacto do aquecimento global sobre esse bioma. A proposta é de uma dupla de biólogos que apontam em um estudo as estratégias de conservação mais adequadas para as espécies amazônicas no cenário das mudanças climáticas. “É importante termos em mente que a Amazônia é composta por paisagens e microclimas distintos. Por isso, cada área responderá aos impactos do aquecimento global de maneira diferente”, destaca o norte-americano Timothy Killeen, da ONG Conservação Internacional e um dos autores do estudo. “Para adotarmos estratégias que realmente funcionem, é essencial que conheçamos profundamente cada uma dessas localidades”, completa.
As estratégias devem levar em conta fatores como o relevo, a altitude e os padrões de precipitação e temperatura de cada região. Essa medida, conclui o estudo, deve ajudar a aprimorar as ações de conservação já existentes e que muitas vezes perdem a eficácia, por não serem aplicadas adequadamente. O trabalho, que também teve como autor o colombiano Luis Solórzano, da Fundação Gordon e Betty Moore, em São Francisco (EUA), foi publicado na edição especial sobre a Amazônia do periódico científico britânico Philosophical Transactions B. Killeen explica que, caso o aquecimento global leve à redução da precipitação e ao aumento da sazonalidade entre as chuvas, áreas como o centro e o oeste da Amazônia devem ser prioritariamente preservadas. “Trata-se de porções onde o regime de chuvas já é estável, e, portanto, caso não haja desmatamento, dificilmente serão afetadas pelo aquecimento global”, esclarece o biólogo. Já nas partes leste e sul da Amazônia, onde as mudanças climáticas podem ocasionar a substituição da floresta ombrófila pela savana, os pesquisadores inferiram que a melhor estratégia é manutenção dos ecótonos – áreas de transição entre dois ecossistemas em escala local e entre dois biomas em escala continental. Killeen lembra que é justamente nessas áreas que se concentra a maior parte das fazendas, onde há o desenvolvimento de atividades agropecuárias, que comprometem as propriedades do solo. “Nesses locais, encontramos organismos capazes de viver em mais de um hábitat. Com a conservação dos ecótonos, garantiremos a preservação de diversas espécies”, argumenta o argumenta o biólogo. O caso dos Andes
Estratégias diferentes devem ser adotadas para a porção ocidental da Amazônia, que vai até os Andes. Ali, as mudanças climáticas se traduzirão em um aumento da temperatura que, junto com a altitude, controla a distribuição da biodiversidade. “Nesse caso, apontamos a necessidade de identificar corredores de paisagens ininterruptos, que se estendam desde as terras mais baixas, até as porções mais elevadas”, explica Killeen. “Assim, algumas espécies conseguirão manter sua distribuição geográfica”. O biólogo ressalta ainda a importância de se combater o desmatamento, que responde por 20% das emissões mundiais de gases do efeito-estufa na atmosfera. “O Brasil possui grande responsabilidade sobre esse percentual, uma vez que é o líder em desmatamento dentre os países tropicais”, afirma Killeen. “Caso o ritmo do desflorestamento seja mantido, dentro de dez anos, o país pode até mesmo perder o posto de detentor da maior parcela da Amazônia no mundo”, alerta o biólogo.
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