Em 1503, o navegador português Américo Vespúcio anotou: "Quando te aproximares de terra, abre os olhos". Dai surgiu o nome Abrolhos para designar uma área cheia de recifes de corais, com cinco ilhotas de origem vulcânica, a cerca de 70 km da costa baiana.
"As ilhas dos Abrolhos, vistas de uma certa distância (como nesta foto), são de um verde brilhante. A vegetação consiste de plantas suculentas e gramina, entremeadas com alguns arbustos e cactos. Embora pequena, minha coleção de plantas de Abrolhos contém quase todas as espécies que ali florescem, acho eu. Pássaros da família dos totipalmados são extremamente abundantes, tais como atobás, rabos-de-palha e fragatas. Talvez o mais surpreendente seja o número de sáurios; quase todas as pedras têm o seu lagarto correspondente; aranhas em grande número; o mesmo com ratos. O fundo do mar em volta é densamente coberto por enormes corais cerebriformes (corais pedrentos, solitários, de aparência semelhante ao cérebro); muitos tinham mais de uma jarda (90 cm) de diâmetro."Charles Darwin, 29 de março de 1832. Fonte: "Aventuras e Descobertas de Darwin a bordo do Beagle"
Em Abrolhos vivem milhares de espécies da fauna marinha (incluindo mamíferos como baleias e golfinhos) e aves migratórias. Qualquer um pode chegar a abrolhos com seu próprio barco. As visitas porém, devem ser notificadas no Ibama, que mantém funcionários no Parque para acompanhar o desembarque e mergulhos. Ou então, combinar um passeio com barcos que ficam nas cidades de Alcobaça, Nova Viçosa e Caravelas. Em Abrolhos não há qualquer tipo de infra-estrutura. Pode-se ir e voltar no mesmo dia ou pernoitar a bordo (a duração ideal de um passeio é de 3 dias). Barcos de porte médio levam de 4 a 6 horas para alcançar o arquipélago. Algumas lanchas podem chegar lá em 1 ou 2 horas. O desembarque é autorizadado nas ilhas Redonda (1a.foto) e Siriba. A melhor época para visita é entre osmeses de outubro a março, quando a visibilidade debaixo d´água atinge 30m de distância.Na última foto, a rara baleia Jubarte (ou cantora por causa do hábito de emitr guinchos muito agudos) também escolheu a região de Abrolhos como local de reprodução e é dada a fazer misterosos movimentos acrobáticos (de julho a novembro). Destaque para um coral que só existe no Brasil: o Mussimilia brasiliense, parecido com um cérebro humano.


























Uma pequena ilha, localizada a cerca 30 quilômetros do litoral sul do estado de São Paulo, é o lar de diferentes espécies de animais, e, abriga, em especial, serpentes. Isso mesmo! Muitas, muitas, mas muitas cobras mesmo povoam a Ilha da Queimada Grande, lugar que não é mais habitado pelo ser humano há, pelo menos, 83 anos. A jararaca-ilhoa é uma espécie endêmica dessa ilha, ou seja, ela não existe em outro lugar do planeta! A jararaca-ilhoa foi descoberta pelo herpetólogo Afrânio do Amaral, em 1921. Desde então, diversos estudos revelaram características curiosas que diferenciam a ilhoa de outras espécies de jararacas que vivem no continente. A jararaca-ilhoa, quando jovem, tem hábitos parecidos com os das jararacas do continente: ambas se alimentam à noite e comem, principalmente, pequenas pererecas, rãs, lagartos e centopéias. Porém, quando se tornam adultas, surgem as diferenças. As jararacas do continente continuam sendo noturnas, vivem quase exclusivamente no chão e passam a se alimentar, principalmente, de pequenos roedores. Como não há roedores em Queimada Grande, a jararaca-ilhoa adulta desenvolveu o hábito de se alimentar das aves que visitam a ilha, como o coleirinha, o sabiá-una e o tuque. Para capturar suas presas, a jararaca-ilhoa adulta trocou a caça noturna pela diurna e freqüentemente é vista subindo em árvores e arbustos. O veneno da jararaca-ilhoa é cinco vezes mais poderoso que o da jararaca comum. Ele age rapidamente, paralisando a presa, que ela devora na hora. Mas não pense que todas as aves da ilha são presas fáceis para a ilhoa. Algumas, como a corruíra, parecem reconhecer a serpente, de forma que quase sempre conseguem evitar seus ataques e podem morar também na ilha sem sustos. Hoje, a Ilha da Queimada Grande possui uma das maiores populações de serpentes por metro quadrado no mundo, mas, devido ao pequeno tamanho do local, as cobras que lá vivem estão criticamente ameaçadas de extinção. Mesmo não sendo habitada por pessoas, a Ilha ainda apresenta algumas alterações no ambiente da região da época em que foi povoada por humanos. A jararaca-ilhoa, assim como outras espécies de animais que possam ser exclusivas da Ilha da Queimada Grande, desaparecerá da natureza para sempre, se a região não for preservada.

















