>.O bioterrorismo é um tema muitas vezes tratado de modo sensacionalista pela mídia. Embora algumas estimativas a respeito dos possíveis impactos de ataques com microrganismos tóxicos ou que causam doenças sejam assustadoras, esse tipo de terrorismo só conseguiu, nas últimas seis décadas e em todo o mundo, causar a morte de 30 pessoas e 33 cabeças de gado. O líder hebraico Moisés foi o primeiro bioterrorista. Segundo a Bíblia, ele liberou as 10 pragas, entre elas piolhos, moscas e um tipo de peste de gado, para convencer o faraó a libertar o povo hebraico da escravidão no Egito. Essa ação encaixa-se perfeitamente na definição de bioterrorismo: ameaça ou uso de agentes biológicos por indivíduos ou grupos por motivos ideológicos (políticos, religiosos etc.), para causar medo, doença ou morte e, assim, atingir seus objetivos. Diversos organismos podem ser usados em atentados bioterroristas. Segundo uma lista elaborada pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, os mais perigosos seriam os bacilos do antraz e do botulismo, as bactérias da peste bubônica e da tularemia (ou febre dos coelhos), além dos vírus da varíola e de febres hemorrágicas, como o Ebola. É preciso salientar que o bioterrorismo inclui ataques contra animais de criação e safras. Por exemplo, no Quênia (África), em 1952, durante conflito entre tribos locais e o governo colonial britânico, os rebeldes usaram a seiva de uma planta para envenenar o gado de fazendeiros ingleses, matando 33 cabeças. Do ponto de vista de um terrorista, as armas biológicas apresentam três vantagens principais: Em 1º lugar, ótima relação entre seu custo e as mortes que podem causar - enquanto a morte de um soldado, exige o disparo de toneladas de balas, enquanto as armas biológicas podem, com um único ataque, matar milhares de pessoas. Em 2º lugar, elas dificilmente são detectadas pelos sistemas de segurança, podendo ser movimentadas com relativa facilidade. E finalmente, as armas biológicas podem causar pânico em massa, o que também ajuda os terroristas a alcançar seus objetivos. Nos últimos 20 anos, várias ameaças ou atentados bioterroristas ocorreram no mundo. Em 1984, integrantes de uma comunidade religiosa liderada pelo guru Bhagwan Shree Rajneesh, no condado The Dalles, no Oregon (EUA), para favorecer um candidato nas eleições locais, colocaram, em bufês de salada de restaurantes, uma bactéria que provoca infecção gastrintestinal aguda, par impedir que algumas pessoas fossem votar. O atentado provocou 751 casos de adoecimento, mas não mudou a situação a favor da comunidade religiosa. Outra seita, fundada pelo japonês Shoko Asahara, foi responsável por diversos ataques bioterroristas. No primeiro deles, prevendo o fim do mundo para 1999, pensou em substituir o governo do Japão por um governo religioso sob seu comando. Em 1990, o líder e 24 integrantes da seita candidataram-se nas eleições para o Parlamento japonês, mas não foram eleitos. Talvez por vingança, usaram um carro que dispersava toxina butolínica pelo cano de descarga, para dar várias voltas em torno do edifício do Parlamento, mas o atentado não teve qualquer efeito. Asahara desistiu de armas biológicas, e passou a usar uma arma química, o gás sarin, em atentados. Em 1995 espalhou o gás no metrô de Tókio, matando 12 e envenenando mil. O único ato de bioterrorismo bem-sucedido nas últimas décadas ocorreu em 2001, nos EUA, logo após o atentado de 11 de setembro, quando três aviões foram lançados contra as 'torres gêmeas' e o Pentágano. Ainda em setembro e no início de outubro cartas com a bactéria do antraz em pó foram enviadas para personalidades da imprensa americana e a dois senadores. As cartas infectaram cerca de 20 pessoas e mataram cinco. Até hoje, o responsável não foi preso e o motivo do atentado permanece desconhecido. A ameaça de bioterrorismo - e essa é a conclusão mais importante dessa história triste - vem sendo superdimensionada pela mídia, que parece desconsiderar o fato de que os atentados com armas biológicas foram, em sua maioria, um fracasso absoluto.
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