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quarta-feira, abril 15, 2009

TRAGÉDIA MEXICANA

TRAGÈDIA MEXICANA
México perde controle na guerra contra as drogas e vê número de mortos passar de 1.250 em 10 semanas. Consumo dispara e cidades ficam nas mãos de traficantes
O México perde controle na guerra contra as drogas e vê número de mortos passar de 1.250 em 10 semanas. Consumo dispara e cidades ficam nas mãos de traficantes No México, as mortes ocorridas em operações militares desastradas em regiões dominadas por grupos criminosos ou nas disputas de traficantes por pontos de droga, nas vinganças, ataques pessoais e tentativas de silenciar testemunhas, são chamadas de narcoexecuções. Este ano, já passam de 1.250, de acordo com levantamento do jornal local “El Universal”. Mais de 125 pessoas foram mortas em conflitos armados em cada uma das 10 primeiras semanas de 2009. O país vive uma crise institucional grave, com cartéis dominando áreas estratégicas e assassinatos sendo banalizados. São localidades como Ciudad Juarez, na fronteira com os Estados Unidos, onde, no começo de março, 20 pessoas foram executadas de uma só vez em uma briga entre facções rivais na prisão. A situação é mais grave do que em 2008, quando a média, de acordo com estimativa da Procuradoria Geral da República, foi de cerca de 115 narcoexecuções por semana, o que representa um total de 6 mil mortes. O número alarmante tem chamado a atenção de associações internacionais de defesa dos Direitos Humanos e motivado críticas de especialistas. Para o desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, Wálter Maierovitch, presidente do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone de Ciências Criminais, e um dos principais estudiosos brasileiros de crime organizado internacional, a crise mexicana é resultado da política de segurança pública adotada pelo presidente Felipe Calderón. Apostando no confronto direto e na repressão como principal alternativa para acabar com o tráfico, o mandatário fez uma parceria com os Estados Unidos, afastou a polícia, considerada corrupta, e escalou o Exército e a Polícia Federal para a missão. A estratégia teve início em dezembro de 2006 e foi chamada de Plano Mérida, referência à cidade em que foi assinado o pacto com o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Segundo Maierovitch, o elevado número de mortes está diretamente relacionado à militarização do conflito. Em artigo recente publicado no site “Terra Magazine”, ele destacou que inúmeros dos assassinados são civis inocentes e que a atuação das forças oficiais têm gerado diversas reclamações e denúncias de associações populares. O jurista brasileiro considera o Plano Mérida uma “cópia adaptada do falido Plano Colômbia”.Ministro diz que, se nada mudar, o próximo presidente será um narcotraficante
No México, os traficantes têm influência e poder nas mais diversas áreas oficiais. É emblemática a declaração do ministro da economia, que, em visita recente a Paris, na França, afirmou: “Se tudo continuar assim, o próximo presidente será um narcotraficante”. O tom alarmista é o mesmo adotado pelo presidente Felipe Calderón nos últimos dias.
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