COMBUSTÍVEL DA VIOLÊNCIA
Bebidas alcoólicas serão liberadas nos estádios durante a Copa de 2014
e colocam em risco segurança do torneio
O movimento para coibir a venda de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol de todo o País, que começou há alguns anos, pode sofrer um retrocesso. Com a escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, as medidas para diminuir a violência durante os jogos deverão ser modificadas. Isso porque, há dois mêses, o Comitê Organizador do Mundial comunicou que as cidades-sedes terão de liberar a venda de álcool durante o evento esportivo. A mudança visa atender à Fifa, que assinou um contrato milionário com uma fabricante internacional de cerveja, que prevê a venda de bebidas durante a competição. “A maioria das brigas de torcidas e dos homicídios envolve alguém alcoolizado. E existe uma tendência ao consumo excessivo durante as partidas. Não posso acreditar que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tenha voltado atrás da decisão porque ela ache bom para a população e benéfico para a saúde do torcedor brasileiro. Também duvido que o torcedor deixe de torcer porque não pode beber nos estádios”, afirma Analice Gigliotti, presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas. Assim como ela, outros especialistas acreditam que a decisão vai na contramão de uma tendência mundial sobre segurança no futebol. A Uefa, entidade que dirige o futebol europeu, proíbe a venda de bebidas em dias de jogos. No Brasil, o veto ao álcool em estádios de futebol está em vigor desde abril de 2.008, por uma decisão da CBF, que assinou protocolo de intenções com o Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público, válido para as competições organizadas pela confederação. É uma questão polêmica, mas sabe-se que produziu bons resultados por aqui. “O resultado foi ótimo no Paraná, São Paulo e Minas Gerais, estados que cumpriram mais à risca a medida. Brigas e homicídios realmente diminuíram. Por isso, essa medida do Comitê Organizador da Copa é puramente comercial. Visa exclusivamente o lucro, se sobrepondo a qualquer ética, medida de segurança pública e bom senso. Não sei como a CBF e o Governo Federal acham isso razoável”, diz Maurício Murad, sociólogo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e pesquisador de violência e futebol.
Nenhum comentário:
Postar um comentário