Planalto tibetano: temperatura sobe acima da média global, e o gelo derrete cada vez mais rápido.
Ao falar na Organização das Nações Unidas, o presidente Hu Jintao, da China, declarou que seu país "reconhece totalmente a importância e a urgência para lidar com a mudança climática". Como se observa a China está começando a perceber que tem muito a perder com o dióxido de carbono que o mundo emite despreocupadamente na atmosfera da Terra. As palavras de Hu me fizeram lembrar de um dia, há não muito tempo, em que estive numa plataforma a 4.260 metros acima do nível do mar, cercado por grupos de turistas chineses vestidos com parcas coloridas.Um teleférico havia nos levado tão perto dos picos íngremes da Montanha de Neve Dragão de Jade e do glaciar que se estende pelo seu flanco. As pessoas tiravam fotos da massa de gelo alegremente, parecendo inconscientes do desastre que se desenrolava à sua frente. Por causa da mudança climática, a Geleira Baishui nº 1, de quase 2,7 quilômetros de extensão, poderia bem ser um dos primeiros grandes sistemas glaciais do Platô Tibetano a desaparecer depois de milhares de anos. A geleira, situada acima da cidade movimentada de Lijiang, no sudoeste da China, encolheu 250 metros nas últimas duas décadas e parece estar se desfazendo numa velocidade ainda maior a cada ano. Ela é a geleira que fica mais ao sul do platô, então seu declínio é um dos primeiros alertas do que pode acontecer com quase 18 mil glaciares de grandes altitudes no Grande Himalaia à medida que o planeta continua a aquecer. Como o planalto tibetano e seu entorno abrigam a maior massa de gelo perene do planeta depois do Ártico e Antártica, ele ficou conhecido como o "Terceiro Pólo". Seus campos de neve e geleiras alimentam quase todos os principais sistemas fluviais da Ásia durante as estações quentes e secas, quando cessam as monções, e seu degelo alimenta rios desde o Indo no oeste e o Amarelo no leste, com o Ganges, Brahmaputra, Irrawaddy, Salween, Mekong e Yang Tsé no meio. (As geleiras da Montanha de Neve Dragão de Jade contribuem com a maior parte da água para as nascentes do rio Yang Tsé.) À distância, a Geleira Baishui Nº 1 parece tão imóvel quanto a desafiadora montanha acima dela. Na realidade, é um campo fluido de gelo e rocha em constante movimento descendente. Os cientistas falam sobre o comportamento reativo dessas geleiras como se elas fossem quase humanas. Os povos tibetano e naxi, que habitam esta região, tratam as geleiras, assim como às montanhas que os abrigam, como encarnações de deidades e espíritos. Hoje, um número cada vez maior de geleiras está perdendo seu equilíbrio, ou a capacidade de reunir neve e gelo suficientes nas altas altitudes para compensar o ritmo de degelo nas mais baixas.Depois de pesquisar o Himalaia por muitos anos, o respeitado glaciologista chinês Yao Tandong alertou recentemente que, de acordo com as tendências atuais, quase dois terços dos glaciares do platô podem bem desaparecer dentro dos próximos 40 anos.
Ao falar na Organização das Nações Unidas, o presidente Hu Jintao, da China, declarou que seu país "reconhece totalmente a importância e a urgência para lidar com a mudança climática". Como se observa a China está começando a perceber que tem muito a perder com o dióxido de carbono que o mundo emite despreocupadamente na atmosfera da Terra. As palavras de Hu me fizeram lembrar de um dia, há não muito tempo, em que estive numa plataforma a 4.260 metros acima do nível do mar, cercado por grupos de turistas chineses vestidos com parcas coloridas.Um teleférico havia nos levado tão perto dos picos íngremes da Montanha de Neve Dragão de Jade e do glaciar que se estende pelo seu flanco. As pessoas tiravam fotos da massa de gelo alegremente, parecendo inconscientes do desastre que se desenrolava à sua frente. Por causa da mudança climática, a Geleira Baishui nº 1, de quase 2,7 quilômetros de extensão, poderia bem ser um dos primeiros grandes sistemas glaciais do Platô Tibetano a desaparecer depois de milhares de anos. A geleira, situada acima da cidade movimentada de Lijiang, no sudoeste da China, encolheu 250 metros nas últimas duas décadas e parece estar se desfazendo numa velocidade ainda maior a cada ano. Ela é a geleira que fica mais ao sul do platô, então seu declínio é um dos primeiros alertas do que pode acontecer com quase 18 mil glaciares de grandes altitudes no Grande Himalaia à medida que o planeta continua a aquecer. Como o planalto tibetano e seu entorno abrigam a maior massa de gelo perene do planeta depois do Ártico e Antártica, ele ficou conhecido como o "Terceiro Pólo". Seus campos de neve e geleiras alimentam quase todos os principais sistemas fluviais da Ásia durante as estações quentes e secas, quando cessam as monções, e seu degelo alimenta rios desde o Indo no oeste e o Amarelo no leste, com o Ganges, Brahmaputra, Irrawaddy, Salween, Mekong e Yang Tsé no meio. (As geleiras da Montanha de Neve Dragão de Jade contribuem com a maior parte da água para as nascentes do rio Yang Tsé.) À distância, a Geleira Baishui Nº 1 parece tão imóvel quanto a desafiadora montanha acima dela. Na realidade, é um campo fluido de gelo e rocha em constante movimento descendente. Os cientistas falam sobre o comportamento reativo dessas geleiras como se elas fossem quase humanas. Os povos tibetano e naxi, que habitam esta região, tratam as geleiras, assim como às montanhas que os abrigam, como encarnações de deidades e espíritos. Hoje, um número cada vez maior de geleiras está perdendo seu equilíbrio, ou a capacidade de reunir neve e gelo suficientes nas altas altitudes para compensar o ritmo de degelo nas mais baixas.Depois de pesquisar o Himalaia por muitos anos, o respeitado glaciologista chinês Yao Tandong alertou recentemente que, de acordo com as tendências atuais, quase dois terços dos glaciares do platô podem bem desaparecer dentro dos próximos 40 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário