Substituimos a foto chocante que mostra o rosto de uma jovem escalpelada, por esta, de um outro acidente ocorrido perto de Manaus. Esses barcos freqüentemente matam muita gente naquela regiãoUm barco com o motor desprotegido e uma menina com cabelos longos. A combinação já fez centenas de vítimas, principalmente na região amazônica. As escalpeladas são mulheres de todas as idades que perderam o cabelo, o couro cabeludo, orelhas e parte do rosto nas engrenagens do principal meio de transporte local. Como os motores dos barcos não são apropriados para a navegação, eles são fixados no meio do veículo. Para transferir força para a hélice, que fica na parte traseira, há um eixo exposto, que gira a uma velocidade de 1,8 mil rotações por minuto. Alguns segundos de descuido são suficientes para que acidentes bárbaros, porém comuns, façam com que mulheres fiquem completamente deformadas ou morram de hemorragia. Segundo dados da Comissão da Amazônia, existem cerca de 100 mil barcos navegando na região. Um terço deles transita sem qualquer fiscalização. Mas isso deve mudar. No último dia 13, o vice-presidente José Alencar sancionou a lei 11.970/2009, da deputada federal Janete Capiberibe (PSB/AP), que determina que os responsáveis pelas embarcações, que navegam nos rios da Amazônia, têm até o dia 6 de outubro para protegerem os eixos dos motores. A reivindicação à deputada partiu da Associação das Mulheres Escalpeladas do Amapá. A presidente da associação, Maria do Socorro Damasceno, sofreu um escalpelamento aos 7 anos e já fez várias cirurgias plásticas para reconstruir o rosto e o couro cabeludo. Resta saber se a lei vai "pegar" (só num país tão irresponsável com o nosso é que qualquer lei é colocada em cheque pelo seu povo). No caso em questão a maioria dos donos de embarcações não teria dinheiro para comprar os kits de proteção, vendidos a cerca de R$ 90 mil reais. Será que uma vítima vale menos ainda?
O sofrimento não se resume ao acidente. Depois vêm inúmeros curativos, cirurgias e não é só isso. O momento mais difícil é a hora de encarar o espelho, sempre cruel e implacável ao revelar as mutilações do escalpelamento”, diz o cirurgião plástico Claudio Brito, criador da organização não-governamental Sarapó, que presta atendimento e distribui kits de proteção no estado.
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