EUROCENTRISMO, INDIFERENÇA E CINISMO
Como
Pilatos, os países da chamada Europa civilizada lavam as mãos
lambuzadas em sangue ao longo dos séculos. Do mesmo modo o fazem os
países mais ricos das Américas. Os Estados Unidos esqueceram que a base
da sua riqueza está alicerçada em décadas de escravidão. Na recolha de
homens, mulheres e crianças, em travessias do Atlântico, amontoados como
pedaços de carne, morrendo aos montes nos porões dos barcos. Com os
braços desses que escaparam, encheram-se os campos de cultivo de
algodão, as cozinhas e “nurseries” das casas coloniais. No corpo de
senadores da nação, de médicos célebres, cientistas, artistas de cinema,
corre o leite negro das amas africanas. Do mesmo modo aconteceu no
velho continente. Portugueses, primeiro, espanhóis, depois, holandeses,
franceses, italianos, ingleses, alemães. Todos se alimentaram do ventre
farto da nossa mãe comum. Até à exaustão caçaram-se animais na cobiça do
marfim, desventrou-se a terra em busca do ouro e das pedras preciosas.
Em veios abertos, até hoje se investe na exploração mortífera dos
diamantes em Angola, nos poços profundos que retiram o ouro negro dos
solos em terra ou no mar. Delapidando, derrubando florestas ancestrais,
abrindo crateras, abrindo vias largas para transporte de produtos
ilícitos, dizimando aldeias, culturas, povos. Ninguém está liberto de
culpas. Nem a sacrossanta igreja católica (ou protestante), muito menos
ela. Que em nome de Deus torturou, prendeu, obrigou à renegação de fés
tão antigas como o mundo. Que quem não era cristão não tinha alma.
Lembram-se?
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