LÍBIA O PONTÃO DA MORTE
Corpos
rígidos de negros jovens, corpos velhos, corpos de crianças, de
mulheres grávidas. Cinquenta, setenta, cem, cento e cinquenta, duzentos,
duzentos cinquenta, quatrocentos, setecentos... podem passar de 900
desta vez. Ou mais.
Ninguém sabe ao certo. A contabilidade da morte é opaca quando o cemitério é o mar e o esquife é a noite.
O Mediterrâneo se transformou no grande sepulcro da vergonha em nosso tempo.
Barcos
clandestinos cortam suas águas atulhados de desespero e desolação e
naufragam sob o peso da devastação colonial que faz da África hoje o
único lugar no mundo onde a fome só cresce, as guerras não tem nome e a
barbárie étnica apaga com sangue as fronteiras traçadas pela geometria
do europeu branco e predador.
Esse horizonte funesto ganhou um porto à altura do seu desalento: a Líbia.
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