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quarta-feira, junho 26, 2013

Realidades do Cotidiano...

VIDA DEPOIS DAS GRADES
Após cumprir penas, tem que reaprender a viver em liberdade num mundo que não  conhecem                        mais, como  relata este este ex-presidiário em liberdade
Durante a prisão, poucos conseguem estudar, trabalhar e realmente se recuperar. Depois de soltos, poucos melhoram. Os ex-detentos saem tão sem rumo para enfrentar o mundo fora das prisões que muitos deles não sabem nem como se locomover nas cidades, que parecem os engolir. Foi exatamente esse cenário, de total desamparo, “unido à melhor sensação do mundo, chamada liberdade”, que Mario de Oliveira Ferraz, 48 anos, encontrou, quando deixou a penitenciária de Taubaté (SP). Ele cumpriu 8 anos de sentença por assalto à mão armada. “Quando os portões se abrem, a sensação é indescritível. Mas o mundo de fora assusta. Você tem que reaprender tudo”, a enfrentar muitas dificuldades que vêm pela frente”, conta Ferraz, que é professor de história e escreveu o livro “Sem Máscaras”, que narra sua experiência na prisão. Entre as principais dificuldades para todos os que saem da prisão está a volta ao mercado de trabalho, enfrentada também por Ferraz. “Além de roupa e sapato bons para se apresentar, a documentação também é um empecilho. Consegui um emprego, mas na hora de puxar minha ficha, descobri que a Justiça havia se enganado e nela constava que eu ainda estava preso, embora tivesse o alvará de soltura nas mãos”, desabafa ele, que ainda escreve petições de próprio punho para entregar à Justiça na tentativa de regularizar a situação. Por erro ou falta de documentação, preconceito da sociedade, falta de apoio da família ou mesmo ausência de preparo profissional do ex-detento, a maioria dos que deixam o cárcere acaba voltando para o crime. “Não temos um dado concreto de reincidência, mas sabe-se que em torno dos 60% e 70% voltam a cometer delitos”, avalia o juiz auxiliar da presidência do Conselho Nacional de Justiça, Erivaldo Ribeiro dos Santos. De acordo com ele, a população carcerária atual é de cerca de 460 mil presos, que, quando saem, deveriam ter o apoio do Estado, mas não é bem assim que acontece. “Eles saem perdidos. Se a lei funcionasse como deveria, ao sair, eles teriam um abrigo chamado patronato, seriam imediatamente inseridos em um programa de ressocialização e de capacitação profissional, mas, infelizmente, a realidade é outra.

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