Para cada dormente um trabalhador Morto."Trem Fantasma". Foi o título que o historiador Francisco Foot Hartmann escolheu para seu livro, que trata da impressionante história da construção da ferrovia Madeira-Mamoré, entre os anos de 1907/1912. ---Visando aproximar as regiões produtoras de látex, em pleno auge da comercialização internacional da borracha, o projeto atendia também aos desejos das autoridades preocupadas com a ocupação da Amazônia. Houve algumas tentativas ainda no século XIX, que fracassaram por falta de verba, infra-estrutura técnica e hesitação frente às difíceis condições da caracterização ambiental da região (chuvas e cheias dos rios, vegetação densa, variedade das doenças tropicais).
Em 1907, a empreitada foi iniciada, contando com a experiência da companhia americana May, Jekyll & Randolph, que já havia produzido projetos semelhantes em Cuba e na Guatemala. Para construir cerca de 364 km de estrada-de-ferro, foram arregimentados perto de 30 mil homens, das mais diversas nacionalidades e de inúmeras regiões do Brasil. Muitos abandonavam a viagem no caminho, ao ouvirem os rumores sobre as condições de vida na região do rio Madeira. A aliança entre médicos e sanitaristas, para tentar frear as incessantes epidemias, e o esquema rígido de controle de disciplina e submissão dos trabalhadores, foram indispensáveis para que a construção chegasse ao seu final. Calcula-se que o número de mortos tenha chegado aos 6 mil. Diz a lenda que: "ele é o mesmo número de dormentes que foram fixados para assentar os trilhos". Dormentes, aliás, importados da Austrália. Esforços e mortos à parte, quando ficou pronta a ferrovia, em 1912, o Brasil havia ficado para trás no mercado mundial da borracha. A Inglaterra, nos primeiros anos do século, preocupou-se em plantar, sistematicamente, seringais no Ceilão (atual Sri Lanka), que dominava como colônia. Se a borracha seguia sendo de vital importância para a difusão de inúmeros produtos industriais e para o próprio funcionamento das fábricas, ter acesso ao látex deixou de ser um problema. O preço da borracha desabou, assim como o interesse pela Madeira-Mamoré.A rodovia Cuiabá - Porto Velho foi inaugurada em 1960, pelo presidente Juscelino Kubitschek, como mais uma iniciativa de privilégio para o transporte rodoviário no país. A partir de então, a Madeira-Mamoré foi sofrendo um processo de abandono e sucateamento, sendo completamente desativada em 1972. Seus arquivos foram incinerados. UM PAÍS SEM MEMÓRIA..
Estas fotos revelam o que nós sabemos: O Brasil não preserva a sua memória. A locomotiva, aparentemente em bom estado, está totalmente corroída pelo tempo, e se alguém pegá-la em qualquer parte, ela se desmancha, enquanto isso, os trilhos que se embrenham pela mata ainda guardam um pouco da história de 6 mil homens que perderam suas vidas para construí-la. Pobre do país, que prioriza o transporte individual, cujos veículos pagam impostos pesados que alimentam a máquina da corrupção!
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brasil vergonhoso onde uma empressa milionaria permite que trabalhadores morao para economizar alguns trocados
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