O que salta à primeira vista na fotografia superior do Palácio de Luxemburgo, é a linda curva de balaustres.
Olha-se para ela e tende-se a sorrir, quase como quem agradece o prazer que proporciona essa curva forte e amável.A pena que traçou a tal curva é a de um homem que entende o que é a calma. Um neurastênico não conseguiria desenhá-la. Um espirito sem sutileza também não. este faria uma balaustrada reta. E a linha reta, muitas vezes, aflige o homem, porque gostamos da verdade apresentada com uma pitadinha de fantasia e de poesia.
No palácio, as curvas convivem bem, não se ignoram as regras de transição e de harmonia. Ao contrário do chamado "minhocão" (passagem elevada, em São Paulo), que as ignora. O "minhocão" é um tabuleiro monótono e violento, para ser percorrido numa velocidade brutal. Os moradores dos prédios vizinhos estremecem...No Palácio de Luxemburgo, os vasos são bonitos e atendem bem à finalidade de elevar nossa natureza, que tem horror àquilo que é achatado. Entre um leito e outro do jardim, há como que um ponto intermediário, a balaustrada; em seguida, a rampa delicada; e no fim as estátuas. As transições estão perfeitamente bem observadas.
O lindo palácio compõe-se de três partes: uma mais alta, com um teto de ardósia meio azulada e chaminés; um andar intermediário; e por fim uma parte mais baixa. No centro do edifício, onde se encontra a parte mais vigorosa, destacam-se altas colunas. Mas tudo é simétrico como um rosto humano, em que um lado repete o outro. Olhando os dois lados iguais do edifício, a pessoa sente no fundo da alma uma harmonia, que vem do fato de o corpo humano ser também composto de duas partes iguais . Uma repete a outra, e assim nos sentimos agradavelmente em casa vendo os dois lados do edifício.Imaginemos que a parte da fachada de cima, construída com um certo recuo, estivesse alinhada com o resto da construção, e que todo o edifício fosse plano como um paredão. Perderia muito, assemelhar-se-ia a uma carranca enorme diante da qual ficaríamos meio acachapados. Não tornaria agradável o convívio do homem com o palácio.
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