Ulysses Guimarães e as pérolas que ouviu em Amparo
Na sede da municipalidade amparense, sentados, além do ilustre visitante, o prefeito José Carlos de Oliveira. Ironia: Ambos tiveram mortes trágicas. De pé, a partir da esq.: Eu, Walter Símaro e Daniel Lippi.
Contar quem foi o paulista de Rio Claro, Ulysses Guimarães ou, como era respeitosamente chamado de dr. Ulysses, além de desnecessário, não haveria espaço neste livro para tanto. Se ainda estivesse vivo, certamente estaria se lembrando das muitas pérolas que ouviu durante a sua curta e desamparada passagem por Amparo, no dia 20 de outubro de 1986, quase dois anos antes da promulgação da nova Constituição que ele presidiu, e ajudou a elaborar.
Eu estava na Rádio Cultura, quando o telefone tocou. Era o prefeito José Carlos de Oliveira,pedindo-me para anunciar, mas sem muito estardalhaço, a visita de Ulysses Guimarães à cidade de Amparo, naquela tarde. Achei sem lógica a recomendação do prefeito, que também era do PMDB, partido do ilustre visitante. Aos poucos, fui entendendo que as maiores diferenças entre os políticos ocorrem mesmo dentro de seus próprios partidos. Às 17 horas, alguns rojões começaram a espocar. Nas pequenas cidades do interior, rojão é considerado veículo de comunicação. É usado para tudo, exceto para anúncio de morte, mas se for de bicheiro, quem sabe? Às 17 horas, chegava a Amparo o Senhor Constituinte, como alguns puxa-saco de plantão o tratavam naqueles anos dourados de sua carreira política! De microfone em punho, eu já estava preparado para entrevistá-lo na sede da municipalidade, onde alguns correligionários, curiosos, jornalistas e ate supostos jornalistas o aguardavam. O prefeito José Carlos de Oliveira, como maior autoridade da cidade de Amparo, fez uma saudação ao ilustre visitante: “Caro dr. Ulysses, Amparo está honrada com a visita de V.Sa. O senhor pela luta constante que vem travando em prol da democracia, acabou se transformando num patrimônio historico da Nação". Ulysses (pela cara que fez, não absorveu essa história de patrimônio histórico, mas não esperava pela derradeira. Educadamente Ulysses Guimarães, agradeceu as palavras de boas-vindas do chefe do executivo amparense, e em seguida colocou-se a disposição de todos os presentes. Várias perguntas lhe foram feitas, algumas pertinentes, outras não, até que o momento em que surgiu um conhecido estudante de direito, que disparou uma pérola ao lhe dirigir esta insólita pergunta: "Dr. Ulysses, a nova Constituição será sintética ou analítica?" Nesse momento, Ulysses olhou para mim, e com a expressão de quem já estava com o saco cheio respondeu: “A Constituição não é sintética nem analítica, ela é uma Constituição do cidadão!”
Depois dessa, o dr. Ulysses que interinamente exerceu por diversas vezes a Presidência da República, deixou Amparo rumando para outras cidades da região, mas com uma grande “dúvida”: Como deveria ser a nova Constituição: Analítica ou sintética ?
Eu estava na Rádio Cultura, quando o telefone tocou. Era o prefeito José Carlos de Oliveira,pedindo-me para anunciar, mas sem muito estardalhaço, a visita de Ulysses Guimarães à cidade de Amparo, naquela tarde. Achei sem lógica a recomendação do prefeito, que também era do PMDB, partido do ilustre visitante. Aos poucos, fui entendendo que as maiores diferenças entre os políticos ocorrem mesmo dentro de seus próprios partidos. Às 17 horas, alguns rojões começaram a espocar. Nas pequenas cidades do interior, rojão é considerado veículo de comunicação. É usado para tudo, exceto para anúncio de morte, mas se for de bicheiro, quem sabe? Às 17 horas, chegava a Amparo o Senhor Constituinte, como alguns puxa-saco de plantão o tratavam naqueles anos dourados de sua carreira política! De microfone em punho, eu já estava preparado para entrevistá-lo na sede da municipalidade, onde alguns correligionários, curiosos, jornalistas e ate supostos jornalistas o aguardavam. O prefeito José Carlos de Oliveira, como maior autoridade da cidade de Amparo, fez uma saudação ao ilustre visitante: “Caro dr. Ulysses, Amparo está honrada com a visita de V.Sa. O senhor pela luta constante que vem travando em prol da democracia, acabou se transformando num patrimônio historico da Nação". Ulysses (pela cara que fez, não absorveu essa história de patrimônio histórico, mas não esperava pela derradeira. Educadamente Ulysses Guimarães, agradeceu as palavras de boas-vindas do chefe do executivo amparense, e em seguida colocou-se a disposição de todos os presentes. Várias perguntas lhe foram feitas, algumas pertinentes, outras não, até que o momento em que surgiu um conhecido estudante de direito, que disparou uma pérola ao lhe dirigir esta insólita pergunta: "Dr. Ulysses, a nova Constituição será sintética ou analítica?" Nesse momento, Ulysses olhou para mim, e com a expressão de quem já estava com o saco cheio respondeu: “A Constituição não é sintética nem analítica, ela é uma Constituição do cidadão!”
Depois dessa, o dr. Ulysses que interinamente exerceu por diversas vezes a Presidência da República, deixou Amparo rumando para outras cidades da região, mas com uma grande “dúvida”: Como deveria ser a nova Constituição: Analítica ou sintética ?
BRASIL TEM NOVA CONSTITUIÇÃO
No dia 5 se outubro de 1988, o deputado Ulysses Guimarães, presidente da Assembléia Nacional Constituinte, promulgou a sétima Constituição do Brasil, com um emocionado discurso no qual mereceu destaque este trecho final: “Traidor da Constituição é traidor da Pátria (...). Quando promulgamos o Estatuto do Homem, da Liberdade e da Democracia, bradamos por imposição de sua honra: temos ódio à ditadura. Ódio e nojo”.
ULYSSES MORRE EM ACIDENTE AÉREO
1- No dia 12 de outubro de 1992, Ulysses voava com sua mulher Mora, o senador Severo Gomes, e sua esposa Henriqueta, além do piloto Jorge Camerato, quando o helicóptero em que viajavam caiu no mar próximo de Parati (RJ), devido ao mau tempo. Todos os ocupantes pereceram e o corpo de Ulysses Guimarães nunca mais foi encontrado.
2- No dia 25 de fevereiro de 2005, o ex-prefeito José Carlos de Oliveira, o mais jovem prefeito da história de Amparo (23 anos), também teve um destino trágico. Perdeu a vida em acidente de carro.
No dia 5 se outubro de 1988, o deputado Ulysses Guimarães, presidente da Assembléia Nacional Constituinte, promulgou a sétima Constituição do Brasil, com um emocionado discurso no qual mereceu destaque este trecho final: “Traidor da Constituição é traidor da Pátria (...). Quando promulgamos o Estatuto do Homem, da Liberdade e da Democracia, bradamos por imposição de sua honra: temos ódio à ditadura. Ódio e nojo”.
ULYSSES MORRE EM ACIDENTE AÉREO
1- No dia 12 de outubro de 1992, Ulysses voava com sua mulher Mora, o senador Severo Gomes, e sua esposa Henriqueta, além do piloto Jorge Camerato, quando o helicóptero em que viajavam caiu no mar próximo de Parati (RJ), devido ao mau tempo. Todos os ocupantes pereceram e o corpo de Ulysses Guimarães nunca mais foi encontrado.
2- No dia 25 de fevereiro de 2005, o ex-prefeito José Carlos de Oliveira, o mais jovem prefeito da história de Amparo (23 anos), também teve um destino trágico. Perdeu a vida em acidente de carro.
Amanhã é dia da "Resenha Semanal"
muito boa essa reportagem......
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