Há cerca
de cinco anos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), portadores do mal de
Parkinson atendidos no Hospital de Transplantes do Estado de São Paulo, contam
com um tipo de procedimento minimamente invasivo, que
recupera a coordenação motora a partir do momento em que é finalizada a
cirurgia.
O hospital é referência na América Latina nesse
tipo de tratamento e desde 2008 conseguiu zerar a fila de pacientes com indicação para o transplante. “Nós tínhamos
uma quantidade grande de doentes e fomos operando e temos poucos aguardando. O
tempo da cirurgia é o de seleção e preparo com os exames pré-operatórios”, disse
o neurocirurgião, responsável pela Unidade de Cirurgia dos Transtornos do
Movimento do Hospital Zerbini, José Osvaldo de Oliveira. A operação consiste no implante de um eletrodo no cérebro, que controla
os movimentos involuntários resultantes da doença, além de prolongar a vida do
portador. O paciente fica acordado durante o procedimento, com anestesia local.
Uma pequena incisão é feita no crânio por onde se acessa o cérebro com uma
sonda de 1 milímetro.“Ao longo do tempo foram agregados vários conhecimentos. A
equipe tem experiência de quase 30 anos nesse tipo de cirurgia. Atualmente é
feita menos lesão porque pode ser feito implante do eletrodo”. O eletrodo é
controlado por um marca-passo que fica abaixo da pele na região da clavícula. A
cada quatro a seis anos é preciso trocar a bateria do equipamento,
gratuitamente, no Hospital de Transplantes. Se fosse feito na rede particular o
custo de todo o processo chegaria a R$ 150 mil.
De acordo com o neurocirurgião, o tratamento é
indicado para 10% a 15% dos parkinsonianos. A avaliação é feita a partir de
exames e questionários específicos. Entre as principais considerações estão
idade, ausência de demência, mínimo de cinco anos com o diagnóstico da doença,
nível de incômodos, entre outros itens.
“No início
da doença esses pacientes obtêm melhora com tratamento conservador, ou seja,
medicação e tratamento multiprofissional. A partir do quinto ano da doença eles
começam a ter efeitos colaterais com a medicação ou redução dos efeitos
benéficos desse remédio”, explicou o médico. Segundo o neurocirurgião, entre
os resultados da cirurgia estão a redução do medicamento, a obtenção de
benefícios que a medicação não vinha proporcionando e uso dos remédios com
menos efeitos colaterais. “Temos casos que melhoraram e puderam tomar menos
remédios e outros que não tomaram mais. Há ainda aqueles que reduziram os
sinais”. Oliveira explicou que o mal de Parkinson é uma doença degenerativa, que
se desenvolve lentamente quando acontece uma deficiência de dopamina, que é um
neurotransmissor responsável pelos movimentos voluntários do corpo. A doença
não tem cura. “O tratamento é sintomático, não é de cura. Melhora a qualidade
de vida e os sintomas principais como os tremores, a rigidez muscular a falta ou
lentidão do movimento, o equilíbrio de postura e o volume e ritmo da fala”. Além dos sintomas comuns à doença o procedimento
melhora os sintomas causados pela medicação, como os movimentos involuntários
causados pelo uso dessas substâncias.
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