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sexta-feira, setembro 15, 2006

O que Lula pensava há 22 anos...


Neste ano de 2006, estamos às vésperas de mais uma eleição presidencial. Em novembro de 1984, bem perto da realização do Colégio Eleitoral que elegeu Tancredo Neves a presidência, (cuja morte não o deixou ocupar o posto) entrevistei nos estúdios da Rádio Cultura de Amparo, Lula, que à época era presidente do PT. Eu, e meu filho Roberto, que estava controlando o som, o achamos um homem simples, e muito inteligente. Diferente, de Luís Inácio Lula da Silva, nosso presidente desde 2002. Nunca mais o vi depois dessa data, mas sei que depois que foi picado pela Mosca Azul, mudou bastante a sua postura. Para mim, o que conta nesta entrevista que foi resumida, é a oportunidade que estou oferecendo aos nossos leitores de fazerem uma comparação entre o político que sonha em chegar ao posto mais alto da Nação, e o que acontece quando ele atinge a meta: ou seja: LULA DE ONTEM X LULA DE HOJE

Comecei a longa entrevista, me baseando na certeza da vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. Ao responder, Lula foi taxativo: “Para mim, Tancredo já está comprometido com os maiores banqueiros deste País. Acho que ele deveria no dia seguinte a sua posse, tomar as seguintes providências: Resolver a situação de 12 milhões de trabalhadores no campo, de cinco milhões de desempregados nas cidades e de 20 milhões de crianças abandonadas. Depois mirou na TV Globo: Ela mostra muito a fome na Etiópia, mas não cita, as nossas crianças famintas e a mortalidade infantil.”
Perguntei se ele partilhava da minha opinião de que os nossos políticos diante das crises, sempre arranjam saídas paliativas, para iludir o povo, tais como: Parlamentarismo, Constituinte e “Diretas Já”. Lula não contemporizou: “Eu também entendo assim. Nós do PT estamos atentos, porque na verdade o movimento das diretas serviu para sufocar um movimento social que começava a ganhar corpo em função do desemprego e de outros movimentos liderados pelos bóias-frias, no interior do Estado de S. Paulo e nas periferias das nossas grandes cidades” Perguntei quais seriam suas primeiras providências se ele um dia chegasse a presidência do Brasil, Lula citou duas: “A primeira seria acabar de cara com o desemprego, e a segunda, é que eu chamaria nossos credores, a quem, o Brasil deve 110 bilhões de dólares e lhes diria que só pagaríamos essa dívida depois de sabermos claramente, através de um levantamento, quem contraiu essa dívida astronômica, e por que? E diria a todos eles que só voltaríamos a pagá-los quando resolvêssemos o problema da fome, do analfabetismo, da prostituição e da pobreza do nosso povo.”
Devolvi-lhe o microfone para as suas despedidas e para ele deixar uma mensagem:
“Aproveito os microfones da Rádio Cultura, para pedir aos mensageiros de Tancredo Neves que o avisem que o povo já está perdendo a paciência diante da fome gerada pelo desemprego. O NOSSO POVO NÃO SUPORTA MAIS SER ENGANADO!” (...)

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