Neste ano de 2006, estamos às vésperas de mais uma eleição presidencial. Em novembro de 1984, bem perto da realização do Colégio Eleitoral que elegeu Tancredo Neves a presidência, (cuja morte não o deixou ocupar o posto) entrevistei nos estúdios da Rádio Cultura de Amparo, Lula, que à época era presidente do PT. Eu, e meu filho Roberto, que estava controlando o som, o achamos um homem simples, e muito inteligente. Diferente, de Luís Inácio Lula da Silva, nosso presidente desde 2002. Nunca mais o vi depois dessa data, mas sei que depois que foi picado pela Mosca Azul, mudou bastante a sua postura. Para mim, o que conta nesta entrevista que foi resumida, é a oportunidade que estou oferecendo aos nossos leitores de fazerem uma comparação entre o político que sonha em chegar ao posto mais alto da Nação, e o que acontece quando ele atinge a meta: ou seja: LULA DE ONTEM X LULA DE HOJE
Comecei a longa entrevista, me baseando na certeza da vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. Ao responder, Lula foi taxativo: “Para mim, Tancredo já está comprometido com os maiores banqueiros deste País. Acho que ele deveria no dia seguinte a sua posse, tomar as seguintes providências: Resolver a situação de 12 milhões de trabalhadores no campo, de cinco milhões de desempregados nas cidades e de 20 milhões de crianças abandonadas. Depois mirou na TV Globo: Ela mostra muito a fome na Etiópia, mas não cita, as nossas crianças famintas e a mortalidade infantil.”
Perguntei se ele partilhava da minha opinião de que os nossos políticos diante das crises, sempre arranjam saídas paliativas, para iludir o povo, tais como: Parlamentarismo, Constituinte e “Diretas Já”. Lula não contemporizou: “Eu também entendo assim. Nós do PT estamos atentos, porque na verdade o movimento das diretas serviu para sufocar um movimento social que começava a ganhar corpo em função do desemprego e de outros movimentos liderados pelos bóias-frias, no interior do Estado de S. Paulo e nas periferias das nossas grandes cidades” Perguntei quais seriam suas primeiras providências se ele um dia chegasse a presidência do Brasil, Lula citou duas: “A primeira seria acabar de cara com o desemprego, e a segunda, é que eu chamaria nossos credores, a quem, o Brasil deve 110 bilhões de dólares e lhes diria que só pagaríamos essa dívida depois de sabermos claramente, através de um levantamento, quem contraiu essa dívida astronômica, e por que? E diria a todos eles que só voltaríamos a pagá-los quando resolvêssemos o problema da fome, do analfabetismo, da prostituição e da pobreza do nosso povo.”
Devolvi-lhe o microfone para as suas despedidas e para ele deixar uma mensagem:
“Aproveito os microfones da Rádio Cultura, para pedir aos mensageiros de Tancredo Neves que o avisem que o povo já está perdendo a paciência diante da fome gerada pelo desemprego. O NOSSO POVO NÃO SUPORTA MAIS SER ENGANADO!” (...)
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