Era um feriado tipicamente paulistano: carrancudo e chuvoso. Nessa ocasião (1973), eu já estava no Departamento de Esportes da TV Cultura – canal 2, na Água Branca – SP. Mas constantemente era chamado pelo pessoal do jornalismo para providenciar alguma matéria esportiva para o Hora da Notícia, que estava nascendo na grade de programação da emissora. Como é comum nos feriados e fins de semana, há uma grande falta de matérias.
Essa edição do Jornal estava ficando complicada. A hora ia passando e a pauta estava incompleta. E o pior: naquele dia nenhum socialite resolveu morrer para ajudar um pouco. O telefone da sala de esportes tocou. Era o Anthony de Cristo que, estava respondendo pela edição do jornal: “Pô, Roberto se vira e me arranja uma matéria sobre esporte.”. “Você quer que eu invente alguma?” – perguntei-lhe. -“Se vira!” – foi à sua resposta.
Para a nossa sorte, lembrei que o Flamengo ia jogar à noite com o Corinthians no Pacaembu. Pelo horário, a delegação já deveria ter chegado a São Paulo. Eu sabia que quando vinha a São Paulo, o Flamengo se hospedava no Hotel São Paulo, no Vale do Anhangabaú. Pensei rapidamente, e vi que era a única alternativa: tentar fazer uma entrevista com Zagallo. Ele estava em evidência, pois além de técnico do Flamengo, também, dirigia a Seleção Brasileira, que, no ano seguinte, estaria disputando a Copa da Alemanha. Naquele tempo, ainda não havia o técnico exclusivo da seleção. Corri para o Hotel e, por muita sorte, o Zagallo já estava na recepção com aquela cara do tipo: faz tempo que acordou agora? Nada melhor para fazer numa tarde daquelas, a menos que se esteja bem acompanhado. Aproximei-me dele, apresentei-me, e disse que gostaria de entrevistá-lo: Concordou, mas com uma ressalva: “Não me faça qualquer pergunta sobre o Ademir, OK? Naquele tempo, o Ademir da Guia do Palmeiras, estava atravessando sua grande fase, mas, mesmo com a pressão da imprensa de São Paulo, Zagallo, com sua conhecida teimosia, insistia em não convocá-lo.
Começamos a gravação, tudo estava correndo bem, mas, de repente (até hoje não sei explicar essa falha), lasquei a pergunta: “Zagallo: na sua seleção, tem lugar para o Ademir da Guia?”. Ele, com cara de bronqueado, se defendeu com esta clássica resposta: “Todos terão a sua oportunidade. Depois da entrevista, recebi o merecido cartão vermelho de Zagallo em forma de protesto: “Pôxa, você combinou que não me faria essa pergunta, e na hora H, falta com o combinado? Você quer me intrigar com os paulistas?”.
Na verdade, fiquei sem saber o que lhe explicar. Vesti a saia justa. Ao chegar à TV ainda tentei cortar esse trecho, mas é claro, o editor do jornal foi taxativo: “Essa parte da entrevista é a única que não pode ficar de fora.”. Logo depois, Hora da Notícia destacava a odiada pergunta.
Ademir acabou indo para a Copa do ano seguinte, mas só jogou a partida em que o Brasil disputou o 3º terceiro lugar com a Polônia, aue derrotou por 1 a 0, e nos deixou em 4° lugar.
Na Copa da França em 1998, mesmo com Ronaldinho tendo convulsão num hospital de Paris, pouco antes da decisão com a França, a sesta de Zagallo não foi interrompida. Depois veio o fiasco total: França 3, Brasil 0. Desde esse dia, assumi a minha pergunta sobre o Ademir, usando a mesma e surrada frase do Velho Lobo:
“Zagallo, você vai ter que me engolir, com seu número 13 e tudo..."
Mário Jorge Lobo Zagallo, tem muita fé no número 13, que ele afirma que lhe da muita sorte: Casou?! num dia 13; Mora no 13º andar de um prédio no Rio; A placa do seu carro é: LCL-0013; Foi campeão Mundial pela 1ª vez em 58 (5+8=13), e a última vez em 94 (9+4=13) e vai por ai...O Velho Lobo, nasceu em Maceió em 31, invertido vira 13. Em 1950, o mundial foi realizado no Brasil, e Zagallo por certo, já batia sua bolinha. Pena que Flávio Costa, técnico da nossa Seleção, desconhecia esse amuleto de Zagallo. Se soubesse, ele o teria convocado para essa Copa, feita sob medida para ele. Brasil, tem 6 letras e Uruguai, 7 (6+7=13). Observe na trágica (foto) em que o nº 7, está despachando o Brasil, quando faltavam 13 minutos para o final do jogo. Outra coincidência: A camisa 6, do nosso lateral Bigode, tem 6 letras, no seu nome, assim como Brasil. Ghiggia, o nº 7, também tem 7 letras em seu nome, e em Uruguai: (Bigode 6+7 de Ghiggia=13). Se o Lobo Zagallo (mais um 13) estivesse lá, com certeza teria posto esse 13, agourento, em nosso benefício, e o URUGUAI PERDIA: Outro 13? Se quiser simplificar as coisas, é só somar as camisas da foto...(13).
Atenção: A partir do dia 9 de novembro, e em todas às quintas-feiras, acompanhe a historia das 18 "Copas do Mundo", até aqui disputadas.
Diego Gutierrez, Santiago (Ch)
ResponderExcluirMuy buena la história de Zagallo