Crianças em caminhada para chegar ao colégio onde estudam, no Jardim Satélite Íris: pedras no caminho da educação As crianças que moram no Residencial Sirius Pirelli, na região do Campo Grande, em Campinas, precisam enfrentar uma caminhada de quatro quilômetros pelos trilhos de trem para estudar. A unidade mais próxima deles, com vagas disponíveis, é a Escola Estadual Glória Aparecida Rosa Viana, que fica no Satélite Íris 2. Segundo os pais, o percurso pelos trilhos é o mais curto, já que pela Avenida John Boyd Dunlop aumentaria em dois quilômetros, e seria mais cansativo e perigoso.
As famílias de áreas de risco da cidade que mudaram para lá há três meses
relatam que encontraram dificuldades para matricular os filhos perto de casa. Apesar do Residencial Cosmos,
bairro ao lado, ter uma escola, não há vagas.
Um grupo de pais se uniu e passou a se revezar para levar de 30 a 40 alunos
para a escola. Mas vários desistiram. “Em alguns pontos não é possível andar ao lado da linha, tem que ser pelos trilhos
mesmo, por isso quando o trem passa temos que parar e esperar”, explica Elaine. “As crianças chegam muito cansadas para estudar e muitos pais não podem
acompanhar sempre porque precisam trabalhar.
Usuários de drogas ao redor da linha também assustam os pais. “Ando 16km para
levar e buscar, mas não deixo minha filha ir sozinha, porque tem homem que mexe com as meninas”, conta a dona de casa
Lilian Silvério, de 28 anos, mãe de Lorraine, de 11 anos. “Mas também não tenho
condições de pagar R$ 100,00 de perua escolar.”
Os pais levam água e suco para aliviar o calor no trajeto. “Cair e quebrar o
chinelo é normal”, comenta o cobrador Marcelo Rosa, de 41 anos. “É muito
sofrimento. Já protocolei um requerimento com o nome de todos os estudantes,
pedindo uma solução, há um mês. Mas até agora não tivemos resposta.”
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