(Capitães dos times se cumprimentam antes do jogo histórico)
No dia 29 de junho de 1950, um estudante, que trabalhava em meio período como lavador de pratos, produziu um dos resultados mais inesperados da história do futebol internacional.
Foi na Copa do Mundo do Brasil. A Inglaterra, que até então vinha se recusando a reconhecer a entidade internacional de futebol, participava de sua primeira Copa e enfrentava no estadio Independência (na periferia de Belo Horizonte) a equipe dos Estados Unidos. Aos 39 minutos do primeiro tempo, o estudante americano, Joe Gaetjens, recebeu um passe de Walter Bahr e marcou o único gol da partida, garantindo a vitória dos Estados Unidos
(foto histórica, publicada no Jornal SUN dos EUA)
O resultado era considerado tão improvável pelos ingleses que uma casa de apostas de Londres ofereceu 500 para 1 para às pessoas que apostassem nos americanos antes do jogo.
Favoritismo
A Inglaterra era considerada uma das seleções favoritas para vencer o torneio, juntamente com Brasil, Suécia e Itália. Mas, desde o início, a realidade se mostrou diferente das previsões. Enfrentando intenso calor, a seleção da Inglaterra sofreu para vencer o Chile por 2 a 0 na sua estréia na Copa, no Maracanã.
Veio então o segundo jogo, em que os adversários seriam os Estados Unidos. A seleção americana tinha apenas um jogador de futebol profissional, Ed McIlvenny.
O técnico inglês Arthur Drewry decidiu dar folga para os principais jogadores, tamanha era a confiança na vitória.
Um jogadores ingleses que não participou do jogo foi o lendário Stanley Matthews, o que rendeu duras críticas a Drewry depois da derrota.Se a Inglaterra jogasse 10 vezes contra nós, naquela época, teria vencido nove vezes. Mas aquele jogo era nosso. No mês anterior, os americanos haviam perdido de 5 a 0 para o Besiktas, um time turco. Em outro jogo, contra a Itália, a derrota havia sido ainda mais contundente: 9 a 0.
Bahr, o criador da jogada que deu aos Estados Unidos a histórica vitória, retornou ao estádio Independência em 1998, 48 anos depois da partida, e lembrou aquele momento.
"Nós sabíamos que aquela era uma zebra", disse ele. "É claro que estávamos muito empolgados com isso."
O destino ficou do nosso lado. Os ingleses deveriam ter vencido, mas não marcaram nenhum gol, e à medida que o tempo passava, nosso futebol foi melhorando. Os ingleses foram ficando em pânico."
E completou: "Se a Inglaterra jogasse 10 vezes contra nós, naquela época, teria vencido nove vezes. Mas aquele jogo era nosso."Desde esse jogo na Copa de 1950, a seleção da Inglaterra preferiu deixar de lado o uniforme azul, tendo optado pela camisa branca.
Nos Estados Unidos, porém, a vitória sobre a Inglaterra foi recebida com indiferença. Os americanos praticamente ignoravam que haviam vencido aquele jogo até a década de 70, quando Gaetens já havia morrido.
O destino do autor do gol é um mistério. Joe Gaetjens era natural do Haiti, e suspeita-se que ele tenha sido morto a tiros na capital do país, Porto Príncipe, em 10 de julho de 64.
Relíquias de EUA, 1 x Inglaterra, 0
Em 1976, seu nome foi incluído no Hall da Fama do futebol americano.Depois da participação na Copa do Brasil, os americanos demorariam 40 anos para participar a voltar do torneio, o que só ocorreu em 1990, na Copa da Itália, mas a bola usada na histórica vitóra dos EUA sobre a Inglaterra (1 x 0), que virou filme em 2005, está em exposição permanente na sede da Federação Americana de Futebol, lembrando o dia de glória dos norte-americanos a fortaleza dos pais do futebebol
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