AS DUAS CARAS DO BRASIL
Editorial
Estamos adentrando 2014, e com ele iniciando a contagem regressiva para a realização da 2a.Copa do Mundo a ser realizada no Brasil. Em
1950, no dia 16 de julho, há quase 64 anos, ocorreu o até hoje famoso Maracanasso, quando 200 mil torcedores assistiram incrédulos a perda da Copa, para os nossos vasinhos.uruguaios, pelo placar de:2x1.
A Copa do Mundo que
se disputará de 12 de junho a 13 de julho deste ano, ainda que no terreno
esportivo possa ser a nossa desforra, promete ser mais difícil da história para
o Brasil. A previsão de dureza para aquele que o mundo inteiro vê como o “país
do futebol” — por ser a única nação pentacampeã e também a única a ter
comparecido a todas as edições do evento, desde que um torneio capenga com a
presença de quatro escassas seleções europeias abriu a série em 1930, no
Uruguai — não leva em conta apenas as chances esportivas da equipe comandada
por Luiz Felipe Scolari. Mesmo em uma Copa maiúscula, que contará com a
presença de todas as equipes que já levantaram a taça, ninguém seria louco de
subestimar o Brasil, muito menos jogando em casa. O prognóstico cauteloso se
deve mais a fatores extra campo, que desta vez não poderemos nos dar ao luxo de
relegar a segundo plano. Haja o que houver, seja quem for o campeão, existe
desde já uma certeza: na Copa do Mundo em nosso País, o Brasil, vai se
encontrar com o Brasil — o país onde se joga o futebol mais vitorioso e
festejado do mundo estará enfrentando um país que é pereba na infraestrutura, perna de
pau na educação, consistente na desigualdade social e matador na corrupção.
Nenhum dos dois Brasis é uma mentira, mas, naturalmente, estarão se estranhando
no espelho.
Isso torna a Copa
de 2014 única: aquela que, mesmo ganhando, corremos o risco de perder. Pela
primeira vez, vencer nos gramados não será suficiente. De forma
incomparavelmente mais desafiadora do que em 1950, quando o Mundial da Fifa era
um certame paroquial comparado à superprodução de hoje, será preciso vencer nos
aeroportos, nos hotéis, nos táxis, nas filas diante dos estádios e na segurança
— em resumo, na organização — um jogo em que o placar já foi aberto e nos é
amplamente desfavorável, com obras atrasadas, superfaturadas, promessas que
nunca saíram do papel, orçamentos estourados, etc.
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