O que acontece quando o homem é privado de sua
humanidade? O resultado é um vídeo com cerca de 2 minutos e meio produzido
pelos detentos do Complexo de Pedrinhas, em São Luís, no Maranhão. As cenas são
fortes o suficiente para chocar até os fãs dos mais violentos filmes de terror,
incluindo cabeças decepadas exibidas como troféus. Não dá para ver o rosto dos
presos que participaram da filmagem, apenas se ouve o riso e o sarcasmo deles
enquanto chutam e pisam nos corpos degolados.
Não é novidade para ninguém a degradante situação
em que se encontram os presídios no Brasil da milionária Copa e dos milionários Jogos Olímpicos. Com a
quarta maior população carcerária do mundo, as celas estão superlotadas. Faltam
camas, falta água, falta comida, e, por fim, falta o mínimo para um ser humano
sobreviver como gente, Quem está lá perdeu a liberdade porque não soube lidar
com ela e precisa pagar pelo que fez. Contudo, erramos em privá-los também da
dignidade, afinal, um dia essas pessoas retomarão o convívio social e, com
certeza, sairão piores do que entraram. Dizer que o sistema prisional
brasileiro é falho é lugar comum. Vai além. Viramos mestres na arte de produzir
monstros.
Está faltando dignidade
Não é por acaso que um vídeo foi feito em Pedrinhas.
O Maranhão carrega hoje um título que nenhum estado inveja: o campeão da
miséria, que há muitas décadas vem sendo comando pela clã milionária e poderosa da Família Sarney. Atualmente
é governado no seu segundo mandato por uma integrante dessa clã, Rosane Sarney (foto), que após o
ocorrido levou para São Luis, o a tropa de choque: o Ministro da Justiça e a presidente Dilma Rousseff. Sem temer uma intervenção
no estado, o que deveria ocorrer de imediato, mas, para receber apoio e solidariedade de Dilma, fiel
escudeira do seu pai, o senador e patriarca da clã José Sarney,
Diones Sales Pires, 30 anos, carpinteiro, conta que chegou a ficar preso em Pedrinhas enquanto aguardava
remoção para outro presídio. “A pessoa fica lá jogada, ninguém liga, o Estado
não dá atenção. É muito triste, prefiro nem lembrar”, conta o jovem, que foi
preso em 2005 por assalto. “A comida é muito ruim, não é preparada para um ser
humano. A carne vinha crua, o arroz é azedo, duro, sem gosto. Ficar ali 24
horas enlouquece qualquer um. É um verdadeiro inferno, não é um lugar para ser
humano não”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário