MERGULHO NA SUJEIRA
Águas poluídas dos rios Tietê e Pinheiros, em S. Paulo,
são exploradas pelo mergulhador Leonídio Rosendo dos Santos há quase 30
anos.
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O
mau cheiro que faz qualquer motorista ou pedestre querer fugir das
marginais dos rios Tietê e Pinheiros, na capital paulista, não espanta
José Leonídio Rosendo dos Santos, de 48 anos. Há cerca de 25 anos ele
mergulha nas águas sujas que cruzam a região metropolitana mais populosa
do País.
Santos (foto), é prestador terceirizado de
serviços, mergulha para resolver os mais diferentes problemas debaixo
d’água, como ajudar no resgate de equipamentos que caíram em um dos dois
rios e na limpeza de grades e dutos. “Lá embaixo, não se enxerga
absolutamente nada. Vou pelo tato”, conta.
Perto do rio, pronto para mergulhar, ele
parece mais um astronauta rumo ao espaço, com o capacete especial e o
uniforme impermeável feito de PVC, que se adapta ao punho e ao pescoço.
“Dá para entrar de smoking por baixo do uniforme, que não molha.”
Nem sempre foi assim. Segundo Santos,
que fez seu primeiro mergulho no Tietê em 1988, ele usou roupas
isotérmicas, aquelas usadas no mar, até 1993. “Nunca tive nem frieira no
pé, mas colegas já amputaram dedo, mão e pé, porque o membro necrosou. É
um ambiente altamente agressivo”, relata.
Em seu trabalho, o mergulhador já
encontrou de tudo nos rios: pneus, geladeiras, fogões, sofá e até uma
mala com a quantia de R$ 2 mil. “A partir daí, os (outros
mergulhadores que fazem o mesmo trabalho) pulavam quando viam uma mala.
"Até que abrimos uma que tinha um corpo esquartejado dentro. Aí ninguém
mais quis pegar”, diverte-se.
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